No início da pandemia, vimos muitas manifestações de apoio aos profissionais de saúde na linha de frente do combate ao novo corona vírus em muitos países. Agora que estamos começando a assistir à retomada das aulas e são os professores que estão na linha de frente, vamos às sacadas aplaudi-los no final de cada dia?
A Família é provavelmente a instituição que mais sofreu desde o início da pandemia. As Famílias estão sofrendo e querem que a Escola, Professores e Educadores ajudem seus filhos. Pais que tiveram de assumir de uma hora para outra a tarefa de apoiar professores e se dedicar ao home schooling reconhecem a importância e a dedicação dos professores.
Entretanto, com o retorno das aulas, a pressão que se coloca sobre os professores é brutal. Além de educar nossas crianças, eles devem cuidar para que sejam respeitadas as exigências de higiene e distanciamento social, controlar o contágio, compensar com esforço pessoal (como já o fazem há anos…) as deficiências de recursos do sistema de ensino e além disso devolver a sanidade à sociedade.
Impossível devolver sanidade à sociedade sem mudanças na Educação. Muitos se comprazem no fato de que parte do sistema continuou funcionando em modo online. A verdade é que digitalizou-se o que funcionava mal.
Hoje os cidadãos são educados para ser “outra coisa”, algo que a sociedade quer que os indivíduos sejam, algo distante daquilo do meu desejo enraizado no autoconhecimento. Educa-se pela política da inconsciência e prepara-se para o egoísmo, individualismo, hipercompetição, formando-se assim indivíduos não críticos, inconscientes de seu lugar no mundo, a perpetuar um modelo que segrega e privilegia há gerações.
Entre estes 2 sistemas doentes e em conflito – família e escola – estão os alunos de todas as idades. Formamos indivíduos sem capacidade para refletir sobre si e sobre o que acontece no contexto ao seu redor. A educação de qualidade está na mão de poucos hoje, para que no futuro permaneça nas mãos de poucos.